24/05/2025
A insônia é uma experiência comum e, ao mesmo tempo, profundamente angustiante. Ela não se limita à dificuldade de adormecer; muitas vezes, envolve despertares frequentes durante a noite ou o despertar precoce, sem conseguir voltar a dormir. Pode parecer algo simples, mas a privação de um sono reparador afeta diretamente nossa saúde física, mental e emocional. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, aproximadamente 40% dos brasileiros sofrem de insônia, e esse número aumentou significativamente após a pandemia, refletindo o impacto das mudanças emocionais e sociais em nossa rotina de descanso (FPS, 2019; FPP, 2023).
Pessoas com insônia relatam sentir-se exaustas durante o dia, mesmo assim não conseguem “desligar a mente” à noite. Há quem fique ruminando pensamentos sobre o trabalho, relacionamentos, ou angústias existenciais. Outras se sentem ansiosas pelo simples fato de saber que precisam dormir. É comum que esse sofrimento venha acompanhado de sentimentos de frustração, impotência e medo de que o problema se torne crônico. Esse ciclo de tensão e expectativa em relação ao sono, muitas vezes, agrava o problema, criando um padrão difícil de romper.
Existem diversos tipos de insônia. A psicofisiológica, por exemplo, está relacionada a padrões de comportamento e pensamentos que dificultam o adormecer. Já a insônia idiopática é mais rara e geralmente presente desde a infância, sem uma causa aparente. Também há a insônia paradoxal, quando a pessoa acredita não dormir, apesar de evidências de que o sono ocorreu. Além disso, ela pode ser episódica (decorrente de eventos estressores pontuais), ou crônica, quando dura mais de três meses e está associada a fatores persistentes como ansiedade, depressão ou estresse ocupacional (FPS, 2019).
A insônia é frequentemente um sintoma de que algo interno precisa de atenção. Ela pode surgir como uma resposta ao excesso de estímulos, à sobrecarga emocional ou à dificuldade em lidar com mudanças. Por isso, tratar a insônia não deve se limitar ao uso de medicamentos, como o Zolpidem, que apesar de muito prescrito, pode levar à dependência e agravar outros transtornos psíquicos quando usado por longos períodos (FPP, 2023).
Nesse contexto, a psicoterapia se mostra uma ferramenta valiosa. Ao longo do processo terapêutico, é possível identificar os fatores emocionais, comportamentais e cognitivos que estão interferindo na qualidade do sono. Com um olhar acolhedor e técnico, a terapia ajuda a reconstruir a relação da pessoa com o sono, com o próprio corpo e com os pensamentos que a invadem à noite. Em abordagens como a Gestalt-terapia, o trabalho pode se concentrar no aqui-agora, trazendo consciência sobre como a pessoa lida com suas emoções, demandas externas e necessidades internas — o que muitas vezes revela por que o corpo não se permite descansar.